terça-feira, 15 de maio de 2012

Pesquisa de Campo - FRANCISCO DAVID.



Nossa quarta pesquisa de campo foi com o jovem Francisco David, 19 anos, estudante que é Ateu desde que nasceu.


Há quanto tempo você é Ateu?

Na verdade, creio que todos já nascemos ateus. A bem ou a mal, a massa encefálica das pessoas - onde reside a idéia de deuses, demônios entre outros - é como um computador sem sistema operacional. As doutrinas, conceitos morais, idéias, todas são implantadas posteriormente pelos pais ou pela sociedade em que vive. No meu caso, me dei conta de tal, aos doze anos, quando passei a confrontar por mim mesmo as idéias da religião, e até por me interessar por conhecer outras religiões. Mas, só assumi publicamente - por medo de represálias -, em meados de 2008. Bom, em suma, tem uns sete anos.
 

O que o levou a essa escolha?

Na realidade, não creio que alguém tenha o direito natural de escolher o que acredita ou não. Se ela escolhe, ela não acredita a princípio, ela está se forçando a crer em algo que naturalmente não acredita, por medo de resposta negativa da família, dos amigos ou de quem quer que seja. A ausência de fé, de uma crença religiosa deu-se em mim por meio da confrontação, de forma natural. É o que sempre digo: a grande maioria das pessoas nunca leu a bíblia, e por isso ainda a levam a sério. Como diria Isaac Asimov, "Lida propriamente, a bíblia é a maior arma em favor do ateísmo já criada". Quando observamos as inúmeras contradições, as incoerências científicas do gênesis, entre tantos outros absurdos, notamos que a bíblia, em suma, não passa de apenas mais um livro de mais uma religião. E, ao verificarmos os registros históricos, descobrimos que mesmo as três grandes religiões monoteístas - judaísmo, islamismo e cristianismo - não são mais que cópias de antigas religiões do Oriente Médio, como o culto a Baal ou o culto egípcio a Hórus.
 

Há outras pessoas que não creem em Deus em sua família?

Na verdade, não. Pelo menos não até onde sei. Isso explica, inclusive, os inúmeros conflitos que tenho com alguns familiares pela minha ausência de crença.
 

Como seus pais encararam sua escolha?

Bom, meus pais se afastaram muito de mim depois que assumi não mais ter fé. Normalmente, acabam entrando no assunto, gerando discussões realmente desgastantes. Até pela formação estudantil de ambos, eles não conseguem compreender que ninguém escolhe o que acredita ou não. Hoje em dia, assumir-se ateu é até meio perigoso: você pode perder oportunidades de emprego, perder amigos - como eu perdi -, entre outras coisas. E ainda ser chamado de arrogante, como sou chamado toda vez que entram no debate e vêem-se com a fé abalada. Ainda estou na luta para mostrar a eles que eu não sou um monstro só por não ter uma crença em deus. Mesmo porque, olhando por esse ângulo, eu não me afastei de ninguém, não estou sendo preconceituoso e "levantando falsos testemunhos", que é o que eles estão fazendo - indo, inclusive, contra um dos principais princípios bíblicos.

Você já acreditou na existência de Deus em algum momento?


Sim. Fui criado numa família cristã. Acompanhei por um tempo os cultos da Igreja Católica; alguns anos depois, fui apresentado ao protestantismo. Inclusive, por algum tempo, eu realmente levava a sério a igreja, participava de teatros e toda a sorte de coisas relacionadas à crença. Hoje, vejo que é um grande erro doutrinar crianças. Elas ainda não têm capacidade de descobrir o que querem sozinhas.

Como é o dia a dia sem deus e sem fé?

Completamente normal. Faço o que todas as pessoas fazem no dia-a-dia. Não creio que haja alguma diferença no cotidiano. Claro, eu tenho um pouco mais de tempo extra para dormir nas manhãs de Domingo. Mas só isso também (risos).

 
Você usa ou já usou expressões como “graças a Deus”, “Deus me livre”, “se deus quiser”, mesmo que por força de expressão?


Não. Há algum tempo eu extirpei todos esses tipos de expressão que liguem a alguma espécie de criador metafísico. Mas, não vejo problemas em ateus que pronunciam as mesmas. Um grande exemplo é o vlogger Cauê Moura, dono do canal "Desce a Letra", no Youtube, que em quase todos os seus vídeos solta um "Jesus!" ou um "Ai, meu deus do céu!". É força de expressão, não precisamente condiz com a opinião de quem as pronuncia. Aliás, ainda que viesse de um cristão, estaria errado, afinal, não é muito sadio invocar o nome de deus em vão.

 
Quando se acredita em deus, é possível associar valores éticos e morais à lógica cristã. Quando não se crê em deus, como se fundamentam esses valores? Qual o parâmetro para definir o “certo e o errado”, o “justo e o injusto”, por exemplo?


Essa é uma questão realmente muito ampla. Em primeiro lugar, não existem razões para se crer que a moralidade e os valores éticos sejam de responsabilidade religiosa. Se olharmos a história, veremos que a maior parte das guerras e destruições foram feitas em nome de algum deus ou de alguma religião. A Santa Inquisição, religiosos extremistas do Oriente Médio, e mesmo as atrocidades do nazismo eram influenciadas por algum tipo de crença. É claro, há sempre o argumento "Stálin e Mao-Tsé eram ateus e você não os está citando". Sim, não estou mesmo. Mas nenhum desses regimes foram influenciados pelo ateísmo, e sim por uma opinião, uma doutrina política que não tem como base o ateísmo.
Além do mais, ao lermos a bíblia, chegamos à conclusão de que ela não é nem de longe um grande exemplo de moralidade e ética. Mesmo a estória (sim, “estória”) de Jesus, no Novo Testamento é um exemplo de que a bíblia não é um guia de moralidade, afinal, deus sacrifica o próprio filho para redimir os erros da humanidade. Detalhe adicional: deus é onipotente, poderia perdoar do dia para a noite, sem necessitar de suplícios, sacrifícios e sofrimentos; ele também é onisciente, sabe do futuro. Logo, todos os pecados, todos os erros sandices morais que a humanidade cometera até então eram de sua responsabilidade, afinal, ele já criou a humanidade sabendo qual seria o resultado; o destino já era por ele traçado. Não dá para usar um deus sádico, misógino, homofóbico e adorador do sofrimento como o maior exemplo de moralidade e ética. Não podemos deixar de citar, por exemplo, quando deus ordena a Abraão que o mesmo sacrifique seu filho - Isaque - de forma a provar o seu amor e fé (Gen. 22:2-3). Não creio que esse possa ser um exemplo de grande moralidade. É claro, mais pra frente, deus diz que não quer mais o sacrifício, quase como se fosse uma "pegadinha" para ver até onde Abraão iria por amor a ele. Mas isso não altera o fato de que qualquer criança comum sofreria de problemas psicológicos graves depois disso. Tudo em nome dos caprichos de um deus que precisa se sentir adorado.

Além do mais, existem diversas ponderações sobre a raíz da moral. Existe até a teoria do "Gene Egoísta", proposta pelo biólogo Richard Dawkins, que sugere que alguns pricípios morais podem ter raízes genéticas intrínsecas. A velha história do "coce as minhas costas, que eu coço as suas".

De todo o modo, creio que seja até exagerado dizer que só os crentes em alguma religião possam ter alguma moral. Mesmo porque, é até incoerente. Se alguém é bom apenas por temer o inferno, o purgatório e o tormento eterno, é porque ela não é realmente boa. E pior: se se usa realmente a religião como base moral, as maiores atrocidades podem ser justificadas em nome de deus. Basta ver o número de mortos nas guerras religiosas antigas ou atuais. Tenho certeza que a morte e o sofrimento não são bons, mas aquelas pessoas realmente acreditam que estão limpando o mal da humanidade. Sequer percebem que elas é que são o mal.

Em contrapartida, é preciso notar também que, em total contraste, os países com menores taxas de criminalidade, melhores índices de educação e saúde, são os países onde a religião é menos predominante, como podemos observar na pesquisa feita pelo instituto de pesquisa Gallup, em 2009 (
http://www.gallup.com/poll/142727/religiosity-highest-world-poorest-nations.aspx). Num dos índices, vemos que países como Suécia e Dinamarca são os menos religiosos. E não é preciso ir longe para observarmos a diferença absurda entre esses países e países menos religiosos, como os países do Oriente Médio, por exemplo. Isso não é coincidência...



Deus é, muitas vezes, uma espécie de suporte para enfrentar as turbulências da vida, Quando não há fé em Deus, o que substitui esse "suporte" nos momentos de dor? Onde você busca consolo/conforto?

Bom, isso é um tanto quanto subjetivo. O fato de haver, de certa forma, uma espécie de motivação para superar e enfrentar os problemas da vida na crença em deus, não a torna mais autêntica do que qualquer outra forma. Posso muito bem orar pelo “monstro espaguete voador” ou para o “unicórnio rosa invisível”, se eu correr atrás, vai funcionar. Não pela prece, mas por mim, pelo que eu fiz. Nada acontece se não nos movemos para tal. E para nos movermos, não é preciso crer em algo. Alguns, creêm em deus, outros em si mesmos, outros em Buda, Alá, Krishna, ou o que quer que seja. Mas no fim, tudo depende única e exclusivamente de nós mesmos.



Como você encara datas festivas religiosas como Natal e Páscoa, por exemplo? Comemora ou não? De que forma?

Na realidade, eu não comemoro. Mas é aquela velha história: tem comida, tem festa, okay, estamos dentro. Mesmo porque, nem mesmo os religiosos comemoram tais datas como de importância religiosa. Não é preciso pensar muito para percebermos que Páscoa é igual a chocolate e Natal é igual a presente, nos dias de hoje. E, para todos que possuem um pouco de conhecimento da história da religião cristã, sabemos que nenhuma dessas duas datas são, de fato, cristãs e que nada têm a ver com Jesus Cristo. Ambas são apenas mitos históricos que foram assumidos como parte da mitologia cristã nos inúmeros Concílios realizados pela Igreja Católica na antiguidade.

 
Você já se sentiu/sente-se discriminado por ser ateu? Em caso afirmativo, como foi é a situação?


Bom, discriminação ainda não, mas preconceito sim. E isso tem lá seu lado bom. Por exemplo, a mãe de uma das pessoas que mais converso, que mais tenho apreço, me olhava com maus olhos por eu ser ateu e andar com a filha dela. Com o tempo, pude provar o meu potencial e a minha boa índole e, hoje, sinto-me feliz por saber que fiz alguém mudar de idéia. Inclusive hoje a mãe da tal pessoa gostaria de me ver junto com a própria filha, se é que me entende (risos).
Mas, em outros casos, fui acusado de herege. E até reprimido, ameaçado de arder no inferno e todas essas coisas. Mas eu aprendi a relevar. O preconceito e discriminação só existem porque ninguém tenta mudar. Portanto, faço a minha parte no dia-a-dia para fazer com que as pessoas enxerguem o outro lado da moeda.



O único episódio em que realmente senti uma ponta de discriminação foi, obviamente, o caso do jornalista José Luiz Datena que, durante um de seus shows televisivos – com todo o perdão, mas não o encaro nem como um jornalista –, associou os ateus aos mais hediondos crimes.

Qual a sua opinião em saber que o número de brasileiros sem religião já chega aos 12 milhões? Acredita que se a sociedade em geral fosse Ateu, o que no mundo seria diferente? Como que o mundo ia prosseguir?


É importante frisar: embora 12 milhões sejam sem religião, isso não significa que sejam todos ateus ou agnósticos. Na realidade, o IBGE sequer fez questão de colocar os ateus na sua pesquisa. Nem creio que essa seja uma pesquisa válida, afinal, misturaram ateus, agnósticos e quem acredita mas não vai à igreja na mesma opção, no mesmo grupo, o que é de uma incoerência absurda.

Quanto a ser um mundo diferente sem religião, acho que sim. Mas, quanto a ser melhor, acho que não. Tudo depende do ângulo. Se houvesse um abandono voluntário da fé, por meio do pensamento, da racionalidade, como algumas pessoas o fazem hoje, sim, até seria melhor. De forma obrigatória, como vemos em lugares como Cuba, não. Afinal, as pessoas trocariam a fé por uma ideologia qualquer.
Além do mais, nunca teríamos quadros como alguns do Leonardo Da Vinci, Bouguereau, entre outros tantos que foram influenciados por alguma religião, cristã ou não. Existem pessoas boas e ruins em todos os lados. Na religião e fora dela também.

Mas, creio que com o tempo, a religião não será abandonada de todo, e sim, será reconfigurada. Algumas pessoas sentem necessidade de se apoiar em algo antes de tomar as suas decisões, de se sentirem importantes. As coisas parecem melhores quando achamos que há um deus que se importa tanto conosco, a ponto de observar nossos erros e nos recompensar por nossos erros. Estamos num tempo onde a razão está falando mais alto. E isso obrigará a religião a alterar alguns dogmas, se quiser sobreviver.
 

O ateísmo mudou algo em sua vida?

Na realidade, não acho que mudou muita coisa não. Nunca tive problemas com ninguém, sempre fui tolerante e tudo o mais. A única difereça é que não consigo crer numa vida após a morte. Isso faz com que eu tenha mais gosto por viver de forma engrandecedora, sem desperdiçar o amor nem nada mais, afinal, a vida é uma só. Seja feliz enquanto ainda existir, porque no fim, todos viraremos adubo (risos).


Obs: como descrição e observação desta pessoa podemos observar que o mesmo foi a pessoa que esteve mais aberto ao assunto e explicou com respostas interessantes sobre as questões que foram perguntadas. Francisco, foi um contribuidor muito grande para nosso trabalho, pois foi com ele que obtivemos a base para este blog, ele nos deu uma direção, orientação e muitas informações como livros, sites, revistas, onde encontramos o conteúdo para o blog. Aproveitamos para agradece-lo!

domingo, 13 de maio de 2012

Experiências.


Ariane Pereira Lima, 21 anos, Espirita.

Acredito no espiritismo e vou ao centro sempre que acho necessário. Nunca havia conhecido mais que um Ateu em minha vida, antes deste trabalho. Ateus são pessoas comuns e normais, a única diferença deles é não acreditar em Deus. A fé para eles é algo que parte da ciência e a maioria das pessoas veem como outro ser humano, ou seres humanos errados. Isso é pensamento de pessoas sem conhecimento. Eu mesma quando conversava com um Ateu ficava com um certo preconceito, porque era dificil acreditar que existem pessoas que não creem em Deus nos dias de hoje. Mas, após realizar este trabalho, foi possível abrir minha mente e ver que não há nada de errado ou estranho em ser Ateu. Pesquisando e lendo sobre algumas coisas, tive a impressão de mudar meu pensamento sobre muitas coisas que antes acreditava ser obra de Deus. Não mudarei jamais de religião e continuo acreditando em Deus todos os dias, mas, vendo pelo lado da ciência, muita coisa muda de figura e você acaba ficando em dúvida.
Dotados de uma grande inteligência, entre as quatro pessoas que entrevistamos consegui observar que cada um tem seu escudo para se defender da pergunta "qual o motivo de não acreditar em Deus? " generalizando em minha opinião, as respostas de todos não foram convincentes o suficiente para me fazer parar pra pensar, como os evangélicos conseguem fazer em segundos, mas, muitas outras respostas me deixaram curiosa até agora, como o caso da Bíblia, que eles dizem não ser verdadeira, e pensando por este lado, acabamos caindo na dúvida, foi escrito por seres humanos e como podemos saber se tudo que esta lá é verdadeiro? não estavamos aqui para saber, não vivemos naquela epoca e não há ciência que explique.
Entretanto, foi um trabalho ótimo de ser realizado e me trouxe um conhecimento novo, hoje consigo ver esta religião com outros olhos, Ateus são pessoas como nós, a única diferença é não crer em Deus, mas há tantas coisas diferentes no mundo de hoje que isto não deveria ser mais tão espantoso, afinal, opinião, politica e religião, cada um tem a sua.

--

Nathalia Chianca, 19 anos, Católica.

Sou Católica mas não frequento a igreja o quanto é necessário, acredito em Deus á minha maneira. Desde o inicio esse tema me chamava muito a atenção pela curiosidade que sempre tive em saber como os Ateus pensam e porque eles não acreditam em Deus, para mim essa sempre foi uma questão que eu achava um pouco estranha, á principio não acreditar em Deus. Com esse trabalho pude saciar a minha curiosidade e ate mesmo o meu próprio preconceito que acreditava não ter, mas pela força do hábito me vi sendo um pouco preconceituosa. Conversando com os entrevistados obtive um novo modo de pensar sobre os mesmo e alguns temas até me deixaram com dúvidas sobre o que é obra de Deus e o que é ciência neste mundo, cheguei até me questionar muitas vezes se eles estavam certos, mas acabei percebendo que cada um tem sua maneira de pensar e sabe no que acreditar e decidir o que é certo e o que é errado para você. Não fui influencia em minha religião, continuo acreditando em Deus, porém, tem coisas que ainda martelam em minha cabeça sobre a sua verdadeira história, como a Biblia, que foi obra do ser humano, como acreditar que foi aquilo mesmo que aconteceu? e conversar com eles me faz pensar mais sobre isso pelo argumentos que eles falam e me fez querer pesquisar e ler mais sobre o assunto, porque sempre achei que a religião influencia em muitas coisas. E um fator que me espantou foi o tamanho preconceito que este grupo social sofre, simplesmente por não acreditar em Deus e sabemos que são pessoas completamente normais, tem familia, sonhos, desejos, vida social e profissional, não se julga o caráter de uma pessoa, por religião. É como julgar um livro pela capa, você nunca sabe a história que tem dentro e esse trabalho me fez ver a história de dentro.
--

Ana Claudia Alves, 20 anos, Católica.

Por questão de curiosidade. Para adquirimos experiência e expandir nossas culturas, quebrar paradigmas e aproximarmos um pouco desse estilo de vida. A principio foi impactante ter contato com algo que é inverso do que acredito e sigo desde a minha existência.. Embora tenha um vasto conhecimento na riqueza da ciência, mas tenho uma doutrina. 
Das pessoas que entrevistamos e umas amigas que não creem em doutrinas passei a observa-las e analisa-las, são pessoas com uma inteligência elevada pensamentos abertos e são um pouco reservadas, a principio não há nada que as tornem diferentes, são seres comuns que tem sentimentos, medos... a diferença é que sua fé se baseia na ciência.!

--

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Pesquisa de Campo - DANIELE GROSS.




Entrevista com Danielle Gross docente do curso de Comunicação Social FIAAM/FAAM. Doutorada do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da ECA-USP, é mestre em Ciências da Comunicação pela mesma instituição e bacharelada em Counicação Social - Jornalismo. Expôs um pouco de sua opinião neste vídeo sobre o tema do blog, gravado pela integrante do grupo Nathalia Chianca.


Obs: Como descrição do campo e observação foi possível observar clareza em sua opinião sobre o tema abordado. Aproveitamos para agradece-la pela entrevista,  acrescentando no conteúdo deste presente trabalho.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Andá com fé eu vou que a fé não costuma faiá?



Andá com fé eu vou que a fé não costuma faiá? Bom.. até onde sabemos o que nos move e a capacitação e a coordenação motora, certo? Claro que para aqueles que já nascem com alguma deficiência isso se torna impossível, mas eles creem que algum dia irão andar!  


Todos nós sabemos que a religião e a ciência não são amigas, mas! Por quanto mais os religiosos oprimem e criticam a ciência, elas oram e oram, clamam, ajoelha.. para se ter uma cura que os cientistas estudam e desenvolvem.


Chega até a ser engraçado o modo de que os fiéis são manipulados, numa alienação que não tem fim!
Não sei se existem pesquisas com estatísticas exatas sobre a relação alienados com "milagres" alcançados.


O que eu não entendo é... Se acontece algo maravilhoso foi Deus, se acontece uma Desgraça foi Deus castigando!


É bem mais fácil glorificar algo maior né!?

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Pesquisa de Campo - THAYNARA NATHALY.



Nossa segunda pesquisa de campo foi a entrevista realizada com Thaynara Nathaly, 18 anos Luthier de pianos.


Há quanto tempo você é Ateu?


Desde o Natal de 2010.


O que o levou a essa escolha?


O conhecimento de outras religiões, doutrinas, culturas e o que tem por traz das religiões e crenças.


Há outras pessoas que não creem em Deus em sua família?


Não, muito pelo contrário, em ambos os lados são muito religiosos.


Como seus pais encararam sua escolha?


Negativamente com muita critica, comentários maldosos às vezes até discussão.


Você já acreditou na existência de Deus em algum momento?


Sim,minha família por parte de mãe são evangélicos minha avó é missionaria e meus primos são obreiros, por parte de pai são extremamente católicos, não tinha como discordar.


Como é o dia a dia sem deus e sem fé?


Perfeitamente normal, acho que a crença não influi no que eu faço e em minhas responsabilidades.


Você usa ou já usou expressões como “graças a Deus”, “Deus me livre”, “se deus quiser”, mesmo que por força de expressão?


Sim (risos), porém com ironia. Tenho amigos, muitos amigos e tudo o que eu faço e conquisto é resultado de meus esforços.


Quando se acredita em deus, é possível associar valores éticos e morais à lógica cristã. Quando não se crê em deus, como se fundamentam esses valores? Qual o parâmetro para definir o “certo e o errado”, o “justo e o injusto”, por exemplo?


Todo país tem sua legislação e em algumas escolas aprendemos uma matéria chamada Ética e Cidadania e nos mesmo sabemos em nosso subconsciente o que é certo e errado.


Como você encara datas festivas religiosas como Natal e Páscoa, por exemplo? Comemora ou não? De que forma?


Mais um feriado, um dia comercial é o mesmo que o ano novo Chines, no Brasil. Somos um país católico, os católicos daqui não comemoram essa data ela simplesmente está ali, dessa maneira funciona comigo.


Você já se sentiu/sente-se discriminado por ser ateu? Em caso afirmativo, como foi é a situação?


Muitas vezes já me foram feitas perguntas estúpidas e comentários maldosos, estranho porque em Mateus, VII: 1-2 diz claramente " Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós." Mais eu como pessoa não ofendida.


Qual a sua opinião em saber que o número de brasileiros sem religião já chega aos 12 milhões? Acredita que se a sociedade em geral fosse Ateu, o que no mundo seria diferente? Como que o mundo ia prosseguir?


Sabe quantas pessoas já morreram por religião? Quantas guerras começaram e quantas famílias foram destruídas? O mundo com certeza seria melhor, só que essa cultura vem a gerações só cabe a nós mudar essa hereditariedade.


O ateísmo mudou algo em sua vida?


Mudou meu mundo para a tolerância, sinto mal em lembrar que deixei de conhecer pessoas, por influencia da sua crença.


Obs: Como descrição do campo e observação foi possível ver que Thaynara nos ajudou realizar a a pesquisa, relatamos que a entrevistada se mantave sempre bem aberta e convicta do que fala, brincalhona, sarcastica e educada.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Pesquisa de Campo - DANIEL PEREIRA - ATEA.



http://atea.org.br/


Fizemos a primeira pesquisa de campo com Daniel Pereira, 40 anos, Engenheiro formado na Universidade de São Paulo, criador da ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) que existe há quatro anos. Daniel nós informou  que não existem em lugar algum reuniões com os demais Ateus que fazem parte deste grupo social, lá eles realizam apenas assembleias anuais estatuárias (atos administrativos da entidade exigidos por lei).


Com base em algumas entrevistas elaboramos essas questões para facilitarmos a pesquisa.

Há quanto tempo você é Ateu?

“Há 40 anos, diz Daniel.” É Ateu desde que nasceu, pois não foi doutrinado por nenhuma religião.

O que o levou a essa escolha?

É Ateu desde sempre e diz que não foi escolha, simplesmente não foi doutrinado em nenhuma outra religião.

Há outras pessoas que não creem em deus em sua família?

“Não.”
        
Como seus pais encararam sua escolha?

“Nunca tive problemas com eles, encararam normalmente.” Diz Daniel. Seus pais são espiritas.

Você já acreditou na existência de deus em algum momento?

“Não”, diz Daniel. “Mas também conheço um pouco de islamismo, espiritualismo, espiritismo, afro-brasileiras e judaísmo, claro.”

Como é o dia a dia sem deus e sem fé?

“A ausência de fé não muda o dia a dia de ninguém, a não ser que o indivíduo vá todo dia pra igreja.”

Você usa ou já usou expressões como “graças a Deus”, “Deus me livre”, “se deus quiser”, mesmo que por força de expressão?

“Já, mas abandonei todas, de uma vez só, anos atrás.”
                                               
Deus é, muitas vezes, uma espécie de suporte para enfrentar as turbulências da vida. Quando não há fé em Deus, o que substitui esse “suporte” nos momentos de dor? Onde você busca consolo/conforto?

“Em nada. Quando descobrimos que papal Noel não existe, de onde você espera que surjam presentes magicamente?” diz Daniel. Pergunto “mas, você busca essa força de onde quando é necessário?” e ele diz “Você busca presentes de natal de onde?” respondo: “Normalmente dos meus pais quando eu ganhava ainda.” E ele diz “pois é, se você quiser ou você pede pra alguém ou você vai e faz.”
                                          
Quando se acredita em deus, é possível associar valores éticos e morais à lógica cristã. Quando não se crê em deus, como se fundamentam esses valores? Qual o parâmetro para definir o “certo e o errado”, o “justo e o injusto”, por exemplo?

“Utilizo o ramo da filosofia chamado "filosofia moral", que é o ramo da filosofia que estuda a determinação dos valores morais.”

Como você encara datas festivas religiosas como Natal e Páscoa, por exemplo? Comemora ou não? De que forma? 

"Natal, como 99% das pessoas: 3Ps - Papai Noel, presente e peru
.Páscoa, como 99% das pessoas: coelho, ovo e chocolate.” Diz o mesmo.

Você já se sentiu/sente-se discriminado por ser ateu? Em caso afirmativo, como foi/é a situação?

“Não foi nada que eu possa provar, mas acredito ter sido despedido mais de uma vez em parte por causa disso. Já foi hostilizado diversas vezes, ameaçado de morte. Quase todo ateu já passou por situação constrangedora, no mínimo.” diz Daniel.

Qual a sua opinião em saber que o número de brasileiros sem religião já chega aos 12 milhões? Acredita que se a sociedade em geral fosse Ateu, o que no mundo seria diferente? Como que o mundo ia prosseguir?

“A maior parte dessas pessoas sem religião é de teístas, então o número não diz muita coisa. Muita coisa seria diferente. Não teríamos 11/9, Camisinha e métodos contraceptivos seriam mais prontamente disponíveis. Não teríamos mais homofobia e a discriminação contra mulheres tenderia a desaparecer, assim como a contra ateus. As guerras religiosas desapareceriam e haveria paz na Irlanda e no Oriente médio. Todos os Estados do mundo seriam plenamente laicos. A pesquisa com células-tronco seria liberada e mulheres que fazem aborto não seriam mais criminalizadas. Não haveria bancada evangélica e os mais pobres não dariam dinheiro voluntariamente para os mais ricos. Ah, se todo o mundo fosse ateu não teria havido inquisição, cruzadas nem escândalo de pedofilia Acho que tá bom pra começar...” diz Daniel.

Obs: Como descrição do campo e observação desta pessoa á qual nós ajudou para realizar a pesquisa, relatamos que foi observado um certo receio e timidez no começo da pesquisa, mais no decorrer da conversa as respostas ficaram um pouco mais abertas. Talvez seja uma característica dele próprio, pois não são todas as pessoas que gostam de falar abertamente com outras pessoas pouco conhecidas, muito menos sobre religião. Ou talvez seja uma característica dos Ateus, já que os mesmo, sofrem um grande preconceito, mas, podemos afirmar que Daniel foi educadíssimo e nós ajudou muito contando seu ponto de vista, aproveitamos para agradece-lo.